Asesinato de Marielle Franco: un mensaje de terror que busca la impunidad para las Fuerzas Armadas y de Seguridad en Río de Janeiro

El asesinato de Marielle Franco, defensora de los derechos humanos, es un hecho de extrema gravedad que genera gran preocupación en la Argentina y en toda la región.

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Mujer negra nacida en la Favela da Maré, Marielle Franco era una activista por los derechos de las personas que viven en las peores situaciones. Era, además, legisladora de la ciudad: en 2016, en su primera disputa electoral, fue uno de los candidatos más votados.

El crimen ocurrió en el contexto de la decisión alarmante del gobierno de Brasil de intervenir militarmente el estado de Río de Janeiro. El Decreto nº 9.288, del 16 de febrero de 2018, resolvió que la Secretaría de Seguridad del estado sea ocupada por un militar. El decreto es extremadamente amplio en cuanto a las condiciones de la intervención militar y, al mismo tiempo, impreciso en relación con los mecanismos de control políticos y judiciales que deberían supervisar la actuación militar. Integrantes del Ministerio Público Federal cuestionaron la constitucionalidad del decreto y su compatibilidad con los estándares de derechos humanos. Como si ello fuera poco, las más altas autoridades militares reclamaron “garantías para actuar sin el riesgo de que surja una nueva comisión de la verdad”, es decir, sin rendir cuentas a la sociedad.

El homicidio de Marielle Franco tiene que ver justamente con este pedido de las autoridades militares. En su rol de legisladora, había sido elegida relatora de una comisión legislativa municipal que tiene como objetivo supervisar la intervención militar. Esta misión no era más que la continuidad de una larga trayectoria de denuncia de la violencia policial. Su asesinato es un mensaje de terror destinado a las y los activistas y defensores de derechos humanos que hoy aparecen como la principal y quizás única forma de visibilizar y controlar a los militares y policías. Atemorizar y disciplinar a las y los defensores es otro paso para garantizar la impunidad de las fuerzas.

En los últimos años los homicidios en general y los asesinatos cometidos por policías en particular aumentaron en Río, volviendo a niveles que no se veían desde 2007. Las estrategias militarizadas adoptadas en los últimos 30 años para “combatir el tráfico” no han hecho más que consolidarlo. En tanto el mercado de las drogas declaradas ilegales está controlado por una articulación entre bandas, policías y milicias (grupos que a su vez están compuestos por policías o ex policías), la “solución” militar no resuelve el problema y agrava la violencia.

El CELS y otras organizaciones de la región venimos denunciando los efectos graves que tiene la militarización de la seguridad: es ineficaz para resolver los problemas que plantean las dinámicas delictivas, sirve como coartada para no reformar y democratizar las fuerzas policiales y, fundamentalmente, deriva en gravísimas violaciones de los derechos humanos. Situaciones como la que se vive en México, donde los activistas y periodistas asesinados indistintamente por militares, policías y bandas criminales suman decenas, implican un escenario de impunidad generalizada y de violaciones masivas de derechos humanos del cual es muy difícil volver. Para que Brasil no comience a transitar ese camino es urgente una investigación pronta y efectiva para esclarecer el asesinato de Marielle Franco y también un cambio radical en las políticas de seguridad que apueste por la reducción de la violencia y no por la militarización.

 

Assassinato da Marielle Franco: uma mensagem de terror que busca a impunidade para as Forças Armadas e de Segurança no Rio de Janeiro

O assassinato de Marielle Franco, defensora dos direitos humanos, é um fato de extrema gravidade que gera grande preocupação na Argentina e em toda a região. Mulher negra, nascida na Favela da Maré, Marielle Franco era uma ativista dos direitos das pessoas que vivem nas piores condições. Era, também, vereadora da cidade: em 2016, em sua primeira disputa eleitoral, foi uma das mais votadas.

O crime ocorreu no contexto da alarmante decisão do governo brasileiro de intervir militarmente o estado do Rio de Janeiro. O Decreto nº 9.288, de 16 de fevereiro de 2018, determina que a Secretaria de Segurança do estado seja ocupada por um militar. O decreto é extremamente amplo quanto às condições da intervenção militar e, ao mesmo tempo, impreciso no que se refere aos mecanismos de controle políticos e judiciais que deveriam fiscalizar a atuação militar. Integrantes do Ministério Público Federal questionaram a constitucionalidade do decreto e sua compatibilidade com os padrões de direitos humanos. Como se isso não bastasse, o comandante do Exército pediu “garantias para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade”, isto é, sem prestar contas à sociedade.

O homicídio de Marielle Franco tem a ver justamente com esse pedido das autoridades militares. Em sua condição de vereadora, Marielle havia sido eleita relatora de uma comissão legislativa municipal para fiscalizar a intervenção militar. Esta missão não era mais do que a continuidade de uma longa trajetória de denúncia da violência policial. Seu assassinato é uma mensagem de terror para as e os ativistas e defensores dos direitos humanos que hoje aparecem como a principal, e talvez a única, forma de visibilizar e controlar os militares e policiais. Amedrontar e disciplinar as e os defensores é outro passo para garantir a impunidade das forças.

Nos últimos anos, os homicídios em geral e os assassinatos cometidos pelos policiais em particular aumentaram no Rio, chegando a níveis que não se viam desde 2007. As estratégias militarizadas adotadas nos últimos 30 anos para “combater o tráfico” não fizeram mais do que consolidá-lo. Enquanto o mercado das drogas declaradas ilegais é controlado por uma articulação entre gangues, policiais e milícias (grupos que ao mesmo tempo são formados por policiais e ex-policiais), a “solução” militar não resolve o problema e agrava a violência.

O CELS e outras organizações da região vêm denunciando os efeitos graves da militarização da segurança: é ineficaz para resolver os problemas que surgem das dinâmicas coletivas, serve como álibi para não reformar e não democratizar as forças policiais e, fundamentalmente, desemboca em gravíssimas violações dos direitos humanos. Situações como as que se vivem no México, onde dezenas de ativistas e jornalistas são assassinados indistintamente por militares, policiais e facções criminosas, implicam um cenário de impunidade generalizada e de violações massivas dos direitos humanos do qual é muito difícil voltar. Para que o Brasil não comece a tomar esse caminho é urgente uma investigação rápida e efetiva para esclarecer o assassinato de Marielle Franco e também uma mudança radical nas políticas de segurança que aposte na redução da violência e não na militarização.